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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Síndrome do ovário remanescente (Minha gata foi castrada e ainda entra no ci...

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Com essa febre positiva de castração de gatas, muitos problemas foram resolvidos, tais como: gravidez indesejada, distúrbio comportamental de marcação de território, tumores de mama com menor incidência a depender da idade castrada. Entretanto não é incomum chegar a seguinte queixa: "A minha gatinha foi castrada e ainda entra no cio, o que pode ser"?

Infelizmente essa ocorrência é comum sim e é conhecida como a Síndrome do Ovário Remanescente (SOR).

Após a castração, a fêmea vai apresentar sintomas de cio como secreção vulvar sanguinolenta, mudança no comportamento e atração de machos.

É muito embarçoso para o veterinário que realizou a cirrugia se deparar com esses casos. Em 1970, Shemwell e Weed realizaram um estudo com a implantação de fragmentos da córtex de ovários no peritôneo (camada que reveste internamente o abdomen e órgãos abdominais) em gatas que tiveram seus ovários removidos. Após quatro meses algumas gatas do estudo apresentaram cio, o que mostrou que, se for deixado um fragmento do ovário durante o procedimento, ou se o mesmo acidentalmente cair no abdomen, pode haver revascularização e este se tornar funcional. Em mulheres a incidência de SOR é ainda maior que em cães e gatos.

Três explicações são sugeridas para o aparecimento da SOR:
1- Remoção cirúrgica incompleta de um os dos dois ovários. Isso pode ocorrer por erro do cirurgião devido à dificuldade ao acesso dos ovários como em animais obesos; devido a incisões pequenas ou após complicações como hemorragia. O ovário direito é mais cranial, isto é, posicionado mais para frente quando comparado com o ovário esquerdo, o que dificulta seu acesso.
2- Queda de algum fragmento ovariano na cavidade abdominal durante a cirurgia, podendo o mesmo se revascularizar e se tornar funcional com produção de hormônios que mediam o cio.
3- Presença de um ovário acessório (terceiro ovário) ou de tecido ovariano no ligamento ovariano. Nesse caso o cirurgião vai retirar os ovários sem saber que há tecido ovariano deixado para trás.
4- Aqui cabe colocar uma quarta causa de cio em gatas após a castração, sem ser caracterizada pela presença de ovário ou parte dele no animal. É o caso da produção irregular de estrógeno pelas glândulas adrenais, levando aos sinais de cio. Entretanto não há relatos dessa condição.

O diagnóstico da SOR é simples e consta da observação das manifestações físicas e comportamentais do cio, realização de citologia vaginal (que vai apresentar células descamadas características de cio). As dosagens dos hormônios estradiol e progesterona podem ser realizadas para a determinação da existência do tecido ovariano. A ultrassonografia pode ser útil na identificação de tecido ovariano quando, durante a apresentação do cio, haja formação de cistos ou folículos na região topográfica dos ovários. Entretanto quando não são visualizados com a ultrassonografia, não significa que não haja tecido ovariano. O uso da ultrassonografia é mais comum em diagnosticar SOR em mulheres do que em animais de companhia.

É importante o clínico realizar o diagnóstico diferencial que pode abranger: infecções do trato urinário, vaginite, administração de estrógeno exógeno e simples alteração comportamental.

O tratamento da SOR deve ser discutido com o proprietário para encontrar a melhor opção, dentre elas:
1- O tratamento mais recomendado é a cirurgia na tentativa de localizar o ovário ou tecido ovariano e retirar. O ideal é a realização da mesma durante a apresentação do cio, pois podem haver folículos no tecido, sendo mais fácil de identificar. É importante o envio do material retirado para análise e ocnfirmação do tecido ovariano.
2- Tratamento medicamentoso com progestágeno para inibição do cio não é o mais recomendado, entretanto pode ser escolhido caso o proprietário não queira submeter o animal à cirurgia ou quando a tentativa de nova cirurgia não teve sucesso. Devem ser considerados os efeitos colaterais do uso de progestágenos, como hiperlasia mamária benigna.
3- Não fazer nada. É uma opção que deve ser considerada pelo proprietário. A gata vai continuar ciclando e a cada cio o proprietário pode fazer a estimulação com um cotonete úmido na vulva da mesma. Como foi citado em um artigo anterior, essa estimulação pode fazer com que a gata ovule e cessem os sintomas de cio.

A SOR não é agradável para o veterinário, o proprietário ou a gata. Eu costumo dizer para o proprietário que é uma condição que pode acontecer e, tanto acontece, que tem até nome próprio. Nenhuma gata gosta de querer namorar e não poder, nenhum dono gosta da gata aos berros em casa e nenhum veterinário gosta do dono aos berros no consultório. O importante é pensar na melhor forma de resolver o problema.

É isso aí pessoal, até o próximo artigo!

Alice Albuquerque
diarioveterinaria.blogspot.com
twitter @alicevet

 
 

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