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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Castração - Parte 2 - Dia de Veterinária

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Enviado para você por sweetygirl através do Google Reader:

 
 

via = Tudo Gato = de Lauesg em 16/11/10


No artigo passado nós falamos sobre a castração de gatos, com ênfase no gatinho macho. Vez ou outra eu tenho um proprietário de um casal de gatos com a dúvida sobre qual dos dois castrar. As vantagens e desvantagens da castração são para ambos os sexos, claro que existem aquelas específicas para o macho e para a fêmea. Então, vamos falar das "meninas".


Tal como no macho, a castração da fêmea envolve também a retirada das gônadas responsáveis pela produção de hormônios sexuais. A Ovario-salpinge-histerectomia é o procedimento de contracepção cirúrgica mais comum em fêmeas, com retirada dos ovários, salpinges e cornos uterinos.

A castração da fêmea em idade pré-puberal é um fator muito abordado nas clínicas veterinárias. As neoplasias de mama (isto é, tumores de mama) são afecções que podem acometer gatas por volta de 10 a 12 anos, podem ser malignas ou benignas sendo que as malignas são frequentes em cerca de 85% dos casos. Trata-se de uma neoplasia "hormônio dependente", portanto, a incidência (para neoplasias benignas) está aumentada quando há uso de progestágenos (anti-concepcional) para prevenir o estro (cio).
Estudos relatam que a incidência de neoplasias mamárias malignas e benignas é fortemente reduzida quando é realizada a castração da fêmea jovem. Quando a gatinha é castrada por volta dos 5.5 meses, na maioria das vezes antes do seu primeiro cio, o risco de se desenvolver neoplasias mamárias é de 7 vezes menor do que nas gatas não castradas. Na espécie humana foi encontrado um efeito "protetor" no desenvolvimento da neoplasia de mama naquelas mulheres que tinham ao menos uma gestação, porém o mesmo não foi observado em gatas e cadelas.

Aliás, o uso de anti-concepcional é bastante perigoso em gatas, pelo risco do desenvolvimento de hiperplasia mamária (aumento no tamanho e número de células de tecido mamário, tendo aspecto macroscópio de grandes tumores) e também de neoplasias benignas. Não foi encontrada relação no desenvolvimento de neoplasias malignas com o uso de anti-concepcional, mas foi encontrado no desenvolvimento daquelas benignas. Vale lembrar que as neoplasias benignas podem mudar seu comportamento para malignas no curso da doença.

Outra vantagem bastante aproveitada na castração das fêmeas é a supressão do comportamento sexual. Os gatas podem ser bastante expressivas durante o cio, vocalizando sem parar, e algumas delas também marcam o território com urina em spray. Com o objetivo de preservar a carga genética, as fêmeas ovulam durante o coito, isto é, funciona como uma garantia de que aquele será o pai daquela ninhada, já na cadela isso não acontece, com a ovulação cerca de 7 – 12 dias após o início do sangramento. Quando temos uma gata no cio, com o comportamento sexual, recomendamos que o proprietário umideça um cotonete com água e insira na vulva da gata apenas a ponta com algodão. Em seguida deve-se rotacionar o cotonete em sentido horário e anti-horário por alguns instantes. O objetivo desse procedimento é mimetizar o coito para que a gata ovule e então saia do cio.

A castração da gata envolve como risco todos aqueles inerentes à cirurgias abdominais com uso de anestesia geral. Pelo uso da anestesia existem os riscos de parada cárdio-respiratória e anafilaxia e por ser uma cirurgia abdominal existe o risco de hemorragia e infecção. Os riscos são minimizados pela realização de uma avaliação pré-operatória eficiente para a escolha do melhor protocolo anestésico; bem como uma equipe completa e treinada para o procedimento. Os riscos são agravados pela idade do animal (gatas acima de 7 anos), pela existência de doenças concomitantes como infecciosas, hepatopatias, cardiopatias ou nefropatias (fígado, coração e rins).

Ainda mais especificamente nessa cirurgia existe o risco do desenvolvimento da Síndrome do Ovário Remanescente (SOR). Essa síndrome consiste na expressão do comportamento sexual, isto é, o cio, mesmo depois da castração. A SOR pode ocorrer quando parte da córtex ovariana permanece na gata, isto é, quando o ovário não é retirado completamente e o pequeno fragmento que fica pode ser funcional. Pode haver também a reimplantação e a vascularização de um fragmento do ovário que cair na cavidade abdominal durante a cirurgia. Já foi relatada também a presença de tecido ovariano acessório no ligamento do ovário, podendo o cirurgião retirar completamente a gônada, sem saber da presença desse tecido, que vai poder se tornar funcional posteriormente. O tratamento preferencial da SOR é a cirurgia, entretanto alguns proprietários podem optar pela administração de progestágenos para a inibição do cio.

O pós operatório da gata castrada envolve a administração de anti-inflamatório e antibióticos via oral (podendo também ser injetáveis), a limpeza, aplicação de pomada cicatrizante e curativo da ferida cirúrgica. Algumas gatas se comportam bem sem acessar a lesão, com o uso da roupinha cirúrgica. Porém a maioria delas é danada, portanto para todas elas eu recomendo o uso concomitante do colar elizabetano. A retirada de pontos deve ser realizada pelo veterinário cerca de 7 a 10 dias após a cirurgia, com avaliação da cicatriz e ocorrência ou não de hérnia.

A hérnia que pode acontecer quando há reação local ao fio usado na sutura do peritônio, mas a causa mais comum de hérnia é a falta de repouso. A gatinha deve ficar em repouso durante ao menos 5 dias, sem poder sair de casa, passear, subir em estantes, janelas, muros, isto é, com sua movimentação limitada.

A alimentação após a cirurgia deve específica para gatas castradas, estando disponíveis nas melhores marcas do mercado.

Bom, é isso aí, espero ter alcançado o objetivopopulacional. É muito frequente, principalmente em cidades do interior, a existência de muitos gatos errantes, sendo uma boa parte deles considerado ferais. Esses gatos se alimentam de restos de comida e de caça, vivem na periferia, lutam pelo território com outros gatos errantes ou semi-domiciliados (que têm casa e também o acesso à rua). Todos esses fatores podem levar à propagação de antropozoonoses (doenças transmitidas dos animais para os homens e vice-versa), doenças felinas infecciosas, gestações indesejadas. A castração e soltura desses animais pode apresentar um efeito na redução da população errante a longo prazo, sendo essa afirmação muito contraditória em estudos na Europa, onde a migração de animais vai interferir na avaliação da diminuição dos animais errantes.

Eu defendo sempre a castração. Evita uma série de doenças, comportamentos indesejados, gestações indesejadas. Para aqueles que desejam um gatinho novo, filho daquele gato lindo da vizinha que "bem que poderia cruzar com a gata amarela da rua de trás", eu recomendo que visite o Centro de Controle de Zoonoses da cidade e se apaixone por um gatinho dali, oferecendo uma chance única a ele.

Até mais!

Alice Albuquerque
diarioveterinaria.blogspot.com
twitter: @alicevet

Literatura consultada:
Withrow and MacEwen's Small Animal Clinical Oncology


Sigam:
http://miaaudote.blogspot.com/
http://caopaixao.com.br/


Leia mais:
http://diarioveterinaria.blogspot.com/2010/02/neoplasias-mamarias-em-cadelas-e-gatas.html
http://www.vetmed.lsu.edu/eiltslotus/theriogenology-5361/ovarian_remnant_syndrome.htm
http://www.jvdi.org/cgi/reprint/7/4/572.pdf

 
 

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